A cultura do “estou cansada”. Educar com pressa…
Estávamos na rua caminhando em direção ao complexo desportivo da minha zona. Á nossa frente ia uma mãe e a sua filha. A menina excitadíssima com as poças de água depois de um dia de chuva, saltitava alegremente de poça em poça. A mãe dizia: “despacha-te, estamos atrasados.” A menina ouvia e o apelo das poças era maior. Por isso continuava. A mãe continuava: “Estás ouvir? Despacha-te. Mas eu estou a falar para as paredes?” e literalmente empurrava a filha para andar mais rápido. Só que bem á frente da menina estava uma grande… uma gigante poça. Ela sem hesitar, saltou lá para dentro. A felicidade dela era contagiante. As minhas filhas correram lá para dentro também.
A mãe da menina reagiu. “Mas é isto o dia todo?, ando sempre atrás de ti a dizer despacha-te? Sai já daí. Vais chegar atrasada.” Claro que estes argumentos pouco pesam diante de um prazer tão sublime como saltar numa poça gigante.
A mãe começou a utilizar outras formas de “pressa”. Como: “sai já daí senão levas”, “ vou dizer á tua professora” entre outras que proferia sem sequer pensar. Como nenhuma resultou, estica-se e agarra a menina pela parte de trás do pescoço obrigando-a a sair. A menina começou a protestar mas em segundos levou uma estalada na cara que abafou o seu expressar. Ainda disse: ”estou cansada, farta, fartinha de andar sempre atrás de ti.”
Confesso: doeu-me a alma.
Pela criança. Pela mãe.
Pela mãe porque está cansada e exausta. Pela mãe porque está esgotada de si mesma. Pela mãe porque precisa de ajuda. Ajuda para reconquistar o seu espaço pessoal onde se possa nutrir e equilibrar. Ganhar centro.
Pela criança por tudo.
Sempre que te sentires cansada, sem recursos é porque estás verdadeiramente a precisar de nutrir o teu espaço pessoal. É daqui que tudo parte. Acontece com todas nós mães. É natural. É bom ganhar consciência e ativar o teu GPS interno. E tu sentes quando precisas, claro que sim!
Então, tem a coragem de alterar pequenos momentos do teu dia.
Sugiro que comeces por 5 minutos de manhã.
Espreguiça-te. Sente-te a espreguiçar. Sente cada parte do teu corpo. Ganham vida quando os espreguiças.
Sentada, abraça o teu corpo. Sente quem tu és.
Coloca agora a mão no coração. Sente o teu coração a bater.
Inspira e expira, dando vida ao teu coração.
Agradece por algo ou por alguém.
Por fim intenciona algo para o teu dia, o que quiseres, o que sentires.
Exemplo:
“Sorrio sempre que mexer no meu cabelo.”
“Ouço em pleno quando alguém falar comigo.”
“Simplifico o que me incomoda.”
“Respeito a minha intuição.”
Como mãe e como professora tenho o dever de cuidar da mulher que há em mim. Da minha essência.
E quando eu mudo, tudo muda.
E chega a um momento em que é mesmo preciso te retirares. Para criar o espaço necessário para reaprenderes a cuidar de ti. Reencontrar a mulher que há em ti. Sabe mais AQUI!
Sandra Matos