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Eu era vítima sem saber que o era.

Terminei o 12º ano e concorri para a faculdade, e como não entrei nesse ano decidi que iria trabalhar no que quer que fosse para não ficar parada. Com 18 anos candidatei-me à vaga de secretária num escritório de advogados.

Fiquei imensamente feliz, tinha encontrado um emprego!

Os primeiros tempos foram exigentes mas rapidamente me habituei a atender todo o tipo de telefonemas, ir aos tribunais, redigir acordos, maioritariamente de divórcios. Ficava sempre incrédula com as agressões físicas e verbais (que tinha que as escrever tal e qual como foram proferidas) contra as mulheres, muitas delas vítimas de violência doméstica. Chegava a sentir náuseas enquanto escrevia. Pensava muitas vezes o que levaria uma mulher a chegar aquele ponto de ser vítima e estar à mercê de um homem.

Um dos meus chefes, um advogado de renome, era o mais simpático, sorria e gostava de me ajudar em qualquer questão. Rapidamente virou demasiado simpático. Começou com falinhas mansas, com uma gentileza melosa, passava por mim e tocava-me no ombro ou nos cabelos, dizia que eu cheirava bem e que tinha um corpo de atleta.

Internamente comecei a sentir-me mal na presença dele, no entanto, era meu chefe e até era simpático para toda a gente, ‘devem ser coisas da tua cabeça, Sandra!’ pensava eu, na esperança de atenuar aquele mal-estar.

Até que um dia, começou a oferecer-me presentes, ora uma flor, ora uns chocolates. Sempre com um bilhetinho escrito com palavras simpáticas tipo ‘para uma mulher bonita’ ou ‘para um coração doce’. Eu aceitava os presentes e agradecia num misto de ‘apetece-me desaparecer daqui’ e ‘estás a ser injusta porque ele nunca te fez nada de mal.’

Comecei a sentir medo quando ele me chamava ao seu gabinete, evitava-o a todo o custo e sentia-me pequena, indefesa e mal, muito mal na sua presença.

Um dia trouxe-me um presente com um bilhete mais arrojado com palavras mais descaradas e diretas, tipo ‘ofereço-lhe um almoço comigo.’ Enquanto lia passou a sua mão pela minha perna, assim que acabei de ler, ele sacou o papel das minhas mãos, rasgou-o em pedaços pequeninos e disse-me a sorrir ‘nunca se deve deixar provas.’

Aquilo foi a gota de água. Fiquei entorpecida, ele queria uma resposta e eu disse, ainda a tremer: ‘Vou pensar’.

O circo estava montado e a presa (eu) estava quase no ponto. Eu era vítima sem o saber. Eu também era parte daquelas mulheres vítimas de maus-tratos, abusos e agressões.

No dia seguinte fiquei doente e não fui trabalhar por uns dias. Assim que voltei informei que iria sair do escritório. E foi o melhor que fiz.

Nunca contei a ninguém sobre o que estava a acontecer. Fiz silêncio enquanto gritava por dentro. De raiva, de vergonha e de nojo.

E este silêncio é mortífero.

Hoje é o dia internacional da Mulher.

É um dia importante, representa toda a honra e mérito das mulheres do passado, do presente e do futuro. Impele-nos a uma energia ativista de união por todas as mulheres que são reféns.

São reféns do sistema, da cultura, da religião e do machismo.

E muitas de nós, mulheres, continuam reféns de si próprias. Daí o silêncio que se caracteriza por uma morte lenta do teu poder pessoal.

Dar voz a este silêncio começa por tratares a relação contigo própria.

Trata-te com igualdade.

Trata-te com equidade.

Trata-te com respeito.

Trata-te com valor.

Trata-te com amor.

Trata-te com poder.

Trata-te com sabedoria.

A melhor forma de salvar todas as mulheres do mundo, é salvares-te. A ti própria.

Começa por ti. E, a seguir, ajuda outras mulheres.

#JAMAISTEAPAGUESCOMOMULHER

Hoje e sempre,

Sandra Matos

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